- O Desejado de Todas as Nações VIII. O Crucificado
Perante Anás e o Tribunal de Caifás
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cada palavra Sua? Não estiveram estes presentes em todas as reuniões do povo, levando aos sacerdotes informações de tudo quanto fazia e dizia? "Pergunta aos que ouviram o que é que lhes ensinei", replicou Jesus; "eis que eles sabem o que Eu lhes tenho dito." João 18:21.
Anás emudeceu diante da firmeza da resposta. Temendo que Jesus fizesse alguma alusão a seu procedimento, que ele preferia manter encoberto, nada mais Lhe disse nesse momento. Um de seus servidores, cheio de indignação ao ver Anás calar-se, bateu no rosto de Jesus, dizendo: "Assim respondes ao sumo sacerdote?"
Cristo replicou calmamente: "Se falei mal, dá testemunho do mal; e, se bem, por que Me feres?" João 18:22 e 23. Não proferiu ardentes palavras de represália. Sua calma resposta proveio de um coração imaculado, paciente e brando, que não se irritava.
Cristo sofria vivamente sob maus-tratos e insultos. Nas mãos dos seres que criara, e pelos quais estava fazendo imenso sacrifício, recebeu toda espécie de opróbrios. E sofreu proporcionalmente à perfeição de Sua santidade e ao Seu ódio pelo pecado. Seu julgamento por homens que agiam como demônios era-Lhe um sacrifício sem fim. Achar-Se rodeado de criaturas humanas sob o domínio de Satanás, era-Lhe revoltante. E sabia que, num momento, por uma irradiação súbita de Seu divino poder, poderia reduzir a pó Seus cruéis atormentadores. Isso tornava a provação mais dura de sofrer.
Os judeus aguardavam um Messias que Se revelasse com demonstrações exteriores. Esperavam que Ele, por um raio de avassaladora vontade, mudasse a corrente dos pensamentos dos homens, forçando-os a reconhecer-Lhe a supremacia. Assim, acreditavam, devia Ele firmar a própria exaltação e satisfazer suas ambiciosas esperanças. Assim, quando Cristo era tratado com desprezo, sobrevinha-Lhe forte tentação de manifestar Seu caráter divino. Por uma palavra, um olhar, poderia compelir os perseguidores a confessar que era Senhor sobre reis e príncipes, sacerdotes e templo. Mas cumpria-Lhe a difícil tarefa de ater-Se à posição que escolhera como sendo um com a humanidade.
Os anjos do Céu testemunhavam todo movimento contra Seu amado Comandante. Ansiavam por libertar Cristo. Sob a direção divina os anjos são todo-poderosos. Uma ocasião, em obediência à ordem de Cristo mataram numa noite cento e oitenta e cinco mil homens do exército assírio. Quão facilmente poderiam os anjos, que contemplavam a vergonhosa cena do julgamento de Cristo, haver demonstrado sua indignação consumindo os adversários de Deus! Mas não eram mandados fazer isso. Aquele que poderia haver condenado Seus inimigos à morte, sofreu-lhes a