- O Grande Conflito I. O Destino do Mundo
Dois Heróis da Idade Média
Capítulo: 005 006007
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"O espírito de Huss, nesta fase de sua carreira, parece ter sido cenário de doloroso conflito. Embora a igreja estivesse procurando fulminá-lo com seus raios, não havia ele renegado a autoridade dela. A igreja de Roma era ainda para ele a esposa de Cristo, e o papa o representante e vigário de Deus. O que Huss estava a guerrear era o abuso da autoridade, não o princípio em si mesmo. Isto acarretou terrível conflito entre as convicções de seu entendimento e os ditames de sua consciência. Se a autoridade era justa e infalível, como cria que fosse, como poderia acontecer achar-se obrigado a desobedecer-lhe? Obedecer, compreendia-o ele, significava pecar; mas por que a obediência a uma igreja infalível levaria a tal situação? Era este o problema que não podia resolver; esta a dúvida que o torturava sempre e sempre. A solução que mais justa se lhe afigurava, era que havia acontecido novamente, como já antes, nos dias do Salvador, que os sacerdotes da igreja se tinham tornado pessoas ímpias e estavam usando da autoridade lícita para fins ilícitos. Isto o levou a adotar para sua própria orientação e para guia daqueles a quem pregava, a máxima de que os preceitos das Escrituras, comunicados por meio do entendimento, devem reger a consciência; em outras palavras, de que Deus, falando na Bíblia, e não a igreja falando pelo sacerdócio, é o único guia infalível." – Wylie.
Quando, depois de algum tempo, serenou a excitação em Praga, Huss voltou para a sua capela de Belém, a fim de continuar com maior zelo e ânimo a pregação da Palavra de Deus. Seus inimigos eram ativos e poderosos, mas a rainha e muitos dos nobres eram seus amigos, e o povo em grande parte o apoiava. Comparando seus ensinos puros e elevados e sua vida santa com os dogmas degradantes pregados pelos romanistas e a avareza e devassidão que praticavam, muitos consideravam uma honra estar a seu lado.
Até aqui Huss estivera só em seus trabalhos; agora, porém, se uniu na obra da reforma Jerônimo que, durante sua estada na Inglaterra, aceitara os ensinos de Wycliffe. Daí em diante os