- Patriarcas e Profetas II. Os Patriarcas e a Promessa
Abraão em Canaã
Capítulo: 011 012013
Pág. 139
mal supondo que entre eles estava Um, a quem poderia adorar sem pecado. Mas o verdadeiro caráter dos mensageiros celestiais foi agora revelado. Se bem que estivessem a caminho como ministros da ira, contudo a Abraão, o homem da fé, falaram a princípio de bênçãos. Posto que Deus seja estrito em notar a iniqüidade, e em punir a transgressão, não tem prazer na vingança. A obra de destruição é uma "estranha obra" (Isa. 25:28) para Aquele que é infinito no amor.
"O segredo do Senhor é para os que O temem." Sal. 25:14. Abraão tinha honrado a Deus, e o Senhor o honrou, dando-lhe parte em Seus conselhos e revelando-lhe Seus propósitos. "Ocultarei Eu a Abraão o que faço?" disse o Senhor. "O clamor de Sodoma e Gomorra se tem multiplicado, e porquanto o seu pecado se tem agravado muito, descerei agora, e verei se com efeito tem praticado segundo este clamor, que é vindo até Mim; e, se não, sabê-lo-ei." Gên. 18:17-33. O Senhor bem sabia a medida do delito de Sodoma; exprimiu-Se, porém, segundo a maneira dos homens, para que a justiça de Seu trato pudesse ser compreendida. Antes de trazer o juízo sobre os transgressores, Ele próprio iria proceder a um exame de sua conduta; se não houvessem passado os limites da misericórdia divina, conceder-lhes-ia tempo para se arrependerem.
Dois dos mensageiros celestes partiram, deixando Abraão só com Aquele que agora soube ser o Filho de Deus. E o homem de fé pleiteou pelos habitantes de Sodoma. Uma vez ele os salvara com a espada; agora se esforçava por salvá-los pela oração. Ló e sua casa ainda eram moradores ali; e o abnegado amor que prontificara Abraão para os livrar dos elamitas, procurava agora salvá-los da calamidade dos juízos divinos, se tal fosse a vontade de Deus.
Com profunda reverência e humildade insistiu em seu rogo: "Eis que agora me atrevi a falar ao Senhor, ainda que sou pó e cinza". Gên. 18:27. Não havia qualquer confiança em si próprio, nem jactância pela sua justiça. Não pretendia graça pelo motivo de sua obediência, ou dos sacrifícios que fizera ao cumprir a vontade de Deus. Sendo ele próprio pecador, rogava em prol do pecador. Tal espírito devem possuir todos os que se aproximam de Deus. Abraão manifestava contudo a confiança de uma criança a rogar a seu amado pai. Achegou-se ao mensageiro celeste, e instou fervorosamente com a sua petição. Conquanto Ló se tornasse morador em Sodoma, não participava da iniqüidade de seus habitantes. Abraão julgava que naquela populosa cidade deveria haver