- Patriarcas e Profetas IV. A Longa Jornada
A Rebelião de Coré
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Os juízos com que foram atingidos os israelitas serviram durante algum tempo para restringir-lhes a murmuração e indisciplina, mas o espírito rebelde ainda estava no coração, e finalmente produziu os mais amargos frutos. As rebeliões anteriores tinham sido meros tumultos populares, surgindo dos impulsos momentâneos da multidão exaltada; agora, porém, formou-se uma conspiração muito bem fundamentada, como resultado de um propósito decidido de subverter a autoridade dos líderes designados pelo próprio Deus.
Coré, o espírito dirigente deste movimento, era levita, da família de Coate, e primo de Moisés; era homem de habilidade e influência. Embora designado para o serviço do tabernáculo, descontentara-se com sua posição, e aspirara à dignidade do sacerdócio. A concessão a Arão e sua casa do ofício sacerdotal, que anteriormente tocava ao filho primogênito de cada família, dera origem a inveja e dissabor, e por algum tempo Coré estivera secretamente a opor-se à autoridade de Moisés e Arão, se bem que não se arriscasse a um ato manifesto de rebelião. Finalmente concebeu o ousado plano de subverter tanto a autoridade civil como a religiosa. Não deixou de achar quem o apoiasse. Junto às tendas de Coré e dos coatitas, do lado sul do tabernáculo, achava-se o acampamento da tribo de Rúben, estando as tendas de Datã e Abirã, dois príncipes desta tribo, próximas da de Coré. Estes príncipes prontamente aderiram aos planos ambiciosos daquele. Sendo descendentes do filho mais velho de Jacó, pretendiam que a autoridade civil lhes pertencesse, e decidiram-se a dividir com Coré as honras do sacerdócio.
O estado dos sentimentos entre o povo favorecia os desígnios de Coré. Na amargura de seu desapontamento, voltaram-lhes as dúvidas, inveja e ódio anteriores, e de novo dirigiram queixas