“E ela disse: Pai meu, fizeste voto ao Senhor; faze, pois, de mim segundo o teu voto; pois o Senhor te vingou dos teus inimigos, os filhos de Amom” (v.36). Após o genuíno arrependimento dos filhos de Israel, Deus suscitou um homem para livrá los dos filhos de Amom. Jefté era filho de Gileade com uma prostituta. E devido à sua linhagem bastarda, ele foi rejeitado e provavelmente ameaçado por seus irmãos, já que teve de fugir. Andando com “homens levianos” (v.3), certamente recebeu influências negativas que o afastaram do Senhor. Porém, o mesmo título dado a Gideão também lhe foi atribuído: “homem valente” (v.1). Isso levou os anciãos de Gileade a buscá lo de volta para que liderasse Israel contra os filhos de Amom. Jefté tornou se o cabeça de todo o Israel e a Bíblia diz que o Espírito do Senhor veio sobre ele. Mas já no verso seguinte, vimos que Jefté fez um voto equivocado ao Senhor, dando início a uma das histórias bíblicas mais intrigantes do Antigo Testamento. Jefté não fez simplesmente um voto, mas tentou barganhar com Deus. Percebendo, porém, a tragédia que sua promessa insensata lhe causaria, “rasgou as suas vestes e disse: Ah! Filha minha, tu me prostras por completo; tu passaste a ser a causa da minha calamidade, porquanto fiz voto ao Senhor e não tornarei atrás” (v.35). Alguns estudiosos afirmam que Jefté, ao proferir o voto, não especificou se referir a sacrifício humano, mas de um animal, já que os animais, naquela época, ficavam à porta das casas e que, de modo algum os sacerdotes aceitariam sacrificar uma pessoa; outros dizem que ele realmente se referiu a sacrificar uma pessoa, já que o sacrifício humano era um costume pagão e Israel já havia adquirido muitos destes costumes, mesmo sabendo que Deus não aprovava (Lv.18:21; Dt.18:10). Interessante que ele observou a lei dada a Moisés para ser fiel ao voto feito ao Senhor (Lv.19:12), em detrimento de outra ainda mais importante, pois preservava a vida. A fim de evitar as consequências desastrosas de juramentos humanos insensatos, Jesus condenou os juramentos: “de modo algum jureis… Seja, porém, a tua palavra: Sim, sim; não, não. O que disto passar vem do maligno” (Mt.5:34 e 37). Não era desígnio de Deus que Jefté sacrificasse a própria filha e nem ser humano algum, muito menos que a entregasse ao celibato. Mas a atitude da filha, cujo nome a Bíblia não revela, manifesta a mesma rendição que encontramos em Isaque, ao aceitar que seu velho pai o sacrificasse (Gn.22:9); e a mesma disposição de Cristo quando declarou: “Meu Pai, se possível, passe de Mim este cálice! Todavia, não seja como Eu quero, e sim como Tu queres” (Mt.26:39). Quando a filha de Jefté disse: “Pai meu, fizeste voto ao Senhor”, vejo ali uma expressão de profunda entrega. Porém, observem as suas primeiras palavras: “Pai meu”. Assim como Cristo apelou “Meu Pai”, esta filha apelou ao seu pai. Era como se ela dissesse: “O senhor é o meu pai, aquele que me ama mais do que tudo, e se achas por bem cumprir o teu voto, eis me aqui, não questionarei e nem frustrarei os planos daquele que mais me ama!” Apesar do mistério que vela este relato, ainda há uma corrente que defende que Jefté não ofereceu a filha em holocausto, mas a entregou ao celibato. Uma coisa é certa: aos pais é confiado o mais caro dever de zelar pela herança do Senhor (Sl.128:3) e pela negligência ou imprudência podem expor os filhos a situações que poderiam ser evitadas. Naquela época, uma moça solteira era sinônimo de desgraça e, o fato de ser a única filha de Jefté, significava que o nome de seu pai seria esquecido sem uma descendência. Mas a sua atitude submissa lhe rendeu uma posição de honra na história de Israel, como bem pontua Warren Wiersbe: “Ela merece ser colocada ao lado de Isaque como filha fiel, disposta a obedecer tanto ao pai quanto a Deus a qualquer preço” (Comentário Bíblico Expositivo, v.2, p.141). Jefté foi infeliz em seu voto, mas sua filha lhe deu um “banho” de fidelidade. E a questionável história de uma simples virgem, nos lembra a inquestionável história do Filho do Homem. Ela foi o cumprimento de um voto falível e transitório, Jesus, o cumprimento de um voto infalível e eterno! O maior “sacrifício” que Deus aceita é a nossa entrega pessoal. Não precisamos fazer juramentos para garantir que Deus nos abençoe. Basta atendermos ao apelo do apóstolo: “Rogo vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional” (Rm.12:1). Vigiemos e oremos! Bom dia, filhos do Pai de amor! Rosana Garcia Barros
Jz 11 Jefté, o homem do voto imprudente, era filho de prostituta, mas foi usado por Deus. Seu passa...
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