Algumas das mais profundas divisões entre as pessoas são causadas por diferenças étnicas e religiosas. Em muitas sociedades, as cédulas de identidade indicam a etnia a que uma pessoa pertence, ou a religião que professa. E essas distinções muitas vezes estão ligadas a privilégios ou restrições com as quais as pessoas precisam viver diariamente. Quando surgem guerras ou conflitos, esses marcadores de identidade e diferenças muitas vezes se tornam catalisadores da repressão e da violência. Paulo convocou os efésios a lembrar como era a vida deles antes de receber a graça de Deus em Cristo. As diferenças étnicas, culturais e religiosas criaram inimizade e conflitos entre grupos de pessoas. Mas a boa notícia é que, em Cristo, somos todos um só povo, com um Salvador e Senhor em comum. Todos pertencemos ao povo de Deus. “Mas, agora, em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, fostes aproximados pelo sangue de Cristo” (Ef 2:13). O antigo templo de Jerusalém tinha uma parede para separar as partes do templo acessíveis apenas aos de etnia judaica. Nessa parede havia uma inscrição proibindo os estrangeiros de a ultrapassar, sob pena de morte. Paulo foi acusado de transgredir esse regulamento, quando entrou no templo após suas viagens missionárias. Ao ser preso, Paulo foi acusado de trazer para a parte judaica do templo um efésio chamado Trófimo (At 21:29). Nessa epístola, Paulo argumentou que Cristo “é a nossa paz, o qual de ambos [dois grupos étnicos] fez um [...], tendo derribado a parede da separação que estava no meio” (Ef 2:14). Em Cristo, os cristãos são descendentes de Abraão e recebem a circuncisão do coração. A circuncisão física dada por Deus ao patriarca apontava para a circuncisão espiritual que os cristãos receberiam em Cristo (veja Dt 10:16). “Nele, também fostes circuncidados, não por intermédio de mãos, mas no despojamento do corpo da carne, que é a circuncisão de Cristo” (Cl 2:11).