avatar
Filhas de Deus
LivrosAutor: Ellen White
InstalarEnglish
Os links abaixo estão disponiveis com permissão do Ellen G. White Estate em Silver Spring, Maryland, EUA.

Ler Audio pdf epub mobi EWG CPB

Pág. 173

Enfermidade

Lucretia Cranson era filha de velhos amigos do casal White. Casou-se com D. M. Canright, em 1867. Faleceu no dia 29 de Março de 1879.

Querida e aflita irmã:

Eu preferiria estar com você e conversar pessoalmente, mas isso é impossível. Posso dizer-lhe que meus sentimentos estão com você na sua fraqueza, mas, quando penso em você, parece-me com plena certeza e de maneira vívida que você está sendo sustentada por braços que nunca se cansam, e confortada por um amor que é imutável, permanente como o trono de Deus.

Não a vejo como alguém que se lamenta na sua fragilidade, mas como alguém sobre quem brilha o rosto do Senhor, trazendo luz e paz, alguém cuja alma comunga com o Pai e com Seu Filho Jesus Cristo, crescendo diariamente no conhecimento da divina vontade, participando da natureza divina, progredindo em reverência, serena confiança e santo amor. O sangue de Cristo, que perdoa, nunca lhe pareceu tão precioso, de valor tão inestimável quanto em sua debilidade, quando sua ligação com o mundo se desfaz.

Você tem crescido na experiência interior, e outros podem beneficiar-se com seus conselhos. A religião para você, preciosa filha, torna-se cada vez mais bela. Agora, você parece confortável, assentada aos pés de Cristo e aprendendo dEle. O temor da morte passou. Se algum terror existe na presença do último e temível inimigo, é desviado ao se contemplar Jesus, pois Ele iluminou a tumba com Sua sagrada presença. Algo há no seu coração que não descansará, a não ser acolhido nos braços do infinito amor.

Querida filha, sua peregrinação está quase encerrada. Não apresentaremos nossos desejos e vontade, mas deixaremos que repouse na esperança, até que o Doador da vida a chame para uma brilhante imortalidade. Jesus é para você, agora, o Salvador, Aquele cuja resplandecente presença pode transformar qualquer lugar no Céu. Sua vida, minha preciosa filha, está escondida com Cristo em Deus, e quando Aquele que é a sua vida aparecer, então também você aparecerá com Ele, revestida de imortalidade

Pág. 174

e vida eterna. Mesmo em sua combalida força, você pode agora contemplar a glória divina, cheia de graça, misericórdia e paz. E pode se voltar para Ele assim como a agulha para o ímã.

Seus dias podem não ser todos claros e alegres, mas que isso não a aflija. Com mansidão, fé e perseverança, aguarde, espere e confie. Sua vida está escondida com Cristo, em Deus. Sua vida, mesmo agora, pode ser uma lição para todos, mostrando que alguém pode ser feliz no enfraquecido vigor sob aflição. Quando as profundas águas passam sobre a alma, a presença de Deus torna sagrado o aposento de Seus santos moribundos. Sua paciente resignação e alegre constância, seu sustento por um poder invisível, são poderoso testemunho em favor da religião cristã e do Salvador dos cristãos. Essas leves aflições serão um poder transformador, refinando, purificando, enobrecendo e capacitando para as cortes do alto.

Até os últimos dias do cristão podem ser fragrantes, porque os raios do Sol da justiça brilham por meio da vida, difundindo um aroma perpétuo. Temos motivos de alegria por haver nosso Redentor derramado Seu precioso sangue na cruz como expiação pelo pecado e, mediante Sua obediência até à morte, trazido justiça eterna. Você sabe que Ele hoje está à mão direita de Deus, como Príncipe da vida, o Salvador. Outro nome não há sobre o qual lançar seus interesses etenos, mas em Cristo pode confiar plena, implicitamente. Cristo tem sido amado por você, embora sua fé às vezes tenha sido débil e suas perspectivas, confusas. Mas Jesus é seu Salvador. Ele não a salva porque você é perfeita, mas porque necessita dEle, e, em sua imperfeição, tem confiado nEle. Jesus a ama, minha querida filha.

Você pode cantar:

“Ainda podemos habitar em segurança sob o abrigo do Teu trono; a proteção dos Teus braços é suficiente, e nossa defesa é infalível”. — Mensagens Escolhidas 3:147.

O falecimento de um esposo

Escrita para a Sra. Fannie Ashurst Capehart, “Westmoreland”, Washington Heights, Washington, D C.

Minha querida irmã:

Acabo de ler sua carta. Vou lhe responder imediatamente, pois talvez algumas linhas lhe confortem o espírito.

Meu esposo faleceu em Battle Creek, em 1881. Durante um ano, não consegui suportar o pensamento de que estava sozinha. Meu esposo e eu havíamos permanecido lado a lado em nossa obra ministerial, e por um ano após sua morte não consegui suportar a idéia de que fora deixada só, sozinha, para levar adiante as responsabilidades que no passado ele e eu leváramos juntos. Durante aquele ano, não me recuperei, mas cheguei perto de morrer. Porém não me demorarei sobre isso.

Pág. 175

Enquanto meu esposo jazia no esquife, nossos bons irmãos vieram a mim e insistiram para que orássemos pedindo que fosse restituído à vida. Eu lhes disse: Não, não. Enquanto vivera, havia feito o trabalho que deveria ter sido distribuído entre dois ou três homens, e agora descansava. Por que chamá-lo de volta à vida, para suportar novamente aquilo pelo qual havia passado? “Bem-aventurados os mortos que, desde agora, morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem das suas fadigas, pois as suas obras os acompanham”. Apocalipse 14:13.

O ano seguinte à morte do meu esposo foi cheio de sofrimento para mim. Achei que não fosse viver, e fiquei muito fraca. Membros da minha família tiveram a idéia de que haveria um lampejo de esperança para mim se eu fosse induzida a assistir à reunião campal em Healdsburg. Essa reunião seria realizada num bosque a cerca de um quilômetro e meio da minha casa, em Healdsburg. Esperavam que, no local do acampamento, Deus me revelasse distintamente que eu devia viver. Na época, não havia cor na minha face, mas uma palidez mortal. Levaram-me ao acampamento num domingo, numa charrete. Naquele dia, a grande tenda estava repleta. Parecia que quase toda a Healdsburg estava presente.

Colocaram um sofá na espaçosa plataforma que servia de púlpito, e sobre ele me puseram da maneira mais confortável possível. Durante a reunião, eu pedi ao meu filho, W. C. White: “Você me ajuda a levantar e a ficar em pé, enquanto digo algumas palavras?” Ele disse que me auxiliaria, e me levantei. Por cinco minutos fiquei ali, tentando falar, e achando que seria a última vez que diria alguma coisa — minha mensagem de despedida.

De imediato, senti um poder sobre mim, como um choque elétrico. Passou pelo meu corpo e subiu até à cabeça. As pessoas disseram que viram claramente o sangue retornando aos meus lábios, minhas orelhas, face e testa. Perante aquele grande número de pessoas, fui curada, e o louvor de Deus estava no meu coração e saía dos meus lábios em tons claros. Operou-se um milagre diante daquela grande congregação.

Tomei, então, o meu lugar entre os oradores, e diante da congregação dei um testemunho como nunca antes tinham ouvido. Era como se alguém tivesse sido erguido dentre os mortos. Aquele ano todo havia sido de preparação para essa mudança. E o povo de Healdsburg devia ter esse sinal como testemunho da verdade. ...

Minha irmã, não mostre mais qualquer desconfiança em relação ao nosso Senhor Jesus Cristo. Avance com fé, crendo que encontrará seu esposo no reino de Deus. Faça seu melhor, preparando os vivos para se tornarem membros da família real e filhos do Rei celestial. Essa é a nossa obra agora, essa é a sua obra. Realize-a fielmente, e creia que se encontrará com seu esposo na Cidade de Deus. Faça o que puder para ajudar outros a estarem confiantes. Anime as pessoas. Leve-as a aceitar

Pág. 176

a Cristo. Jamais torture sua alma como tem feito, mas seja humilde, leal, fiel e conte com a palavra de Deus, de que se encontrarão quando a guerra acabar. Tenha bom ânimo. — Carta 82, 1906.

Escrita para a irmã Chapman, velha amiga na fé, por ocasião da morte do seu companheiro na vida.

Querida irmã Chapman:

Penso em você todos os dias e lhe apresento minhas condolências. Que lhe posso dizer por ocasião da maior tristeza que já a alcançou na vida? Faltam-me as palavras neste momento. Só posso colocá-la nas mãos de Deus e a do compassivo Salvador. Há nEle descanso e paz. Receba dEle o consolo. Jesus ama e Se compadece como ninguém de nós. O próprio Jesus Cristo a sustenta; Seus braços eternos a amparam, Suas palavras podem curar. Não podemos penetrar nos secretos conselhos de Deus. Os desapontamentos, aflições e perplexidades, as perdas que sofremos, não nos devem separar de Deus, mas levar-nos para mais perto dEle.

Como nos cansamos e nos angustiamos ao carregar a nós mesmos e aos nossos fardos! Quando vamos a Jesus, sentindo-nos incapazes de continuar carregando esses fardos, e os depomos sobre o Portador de fardos, descanso e paz nos virão. Só seguimos tropeçando sob nossas pesadas cargas, tornando-nos infelizes a cada dia porque não recebemos de coração as graciosas promessas de Deus. Ele nos aceitará, indignos como somos, por intermédio de Jesus Cristo. Que nunca percamos de vista a promessa de que Jesus nos ama. Sua graça está à espera de que a peçamos.

Minha querida e aflita irmã, sei por experiência o que você está passando. Ando com você na estrada que tão recentemente percorri. Aproxime-se, minha querida irmã, de Cristo, que é poderoso para curar. O amor de Jesus por nós não vem por algum meio miraculoso. Esse meio miraculoso do Seu amor foi evidenciado na Sua crucifixão, e a luz do Seu amor se reflete em brilhantes raios a partir da cruz do Calvário. Agora nos cabe aceitar esse amor, apropriar-nos das promessas de Deus para nós.

Simplesmente repouse em Jesus. Descanse nEle assim como uma criança cansada repousa nos braços de sua mãe. O Senhor Se compadece de você. Ele a ama. Os braços do Senhor a sustentam. Ferida e magoada, simplesmente repouse sua confiança em Deus. Uma compassiva mão se estende para atar suas feridas. Ele será mais precioso à sua alma que o mais seleto amigo, e nada do que se possa desejar é comparável a Ele. Somente creia nEle; apenas confie nEle. Sua amiga na aflição — alguém que a entende. — Carta 1e, 1882.

A Sra. Parmelia Lane foi esposa do pastor Sands Lane, nativo de Michigan e bem-sucedido pregador. Ele se tornou, mais tarde, presidente de várias associações nos

Pág. 177

Estados Unidos. Realizava reuniões numa tenda, em Riseley, quando a Sra. White chegou à Inglaterra. Ela e a família Lane mantiveram boa amizade ao longo de anos.

Querida irmã Lane:

Já senti a aflição pela qual está passando agora, e sei como me identificar com você. Posso entender seu sentimento de que sofreu uma grande perda.

Quero dizer-lhe que recebemos uma carta do seu esposo, escrita pouco antes do falecimento dele. Na ocasião em que recebi a carta, buscava a solução de muitos problemas difíceis, e achei que não conseguiria responder imediatamente. Mais tarde, comecei a escrever a resposta mas, antes de terminar a carta, soube que ele havia falecido.

Valorizo grandemente essa carta, pois nela o irmão Lane apresenta um testemunho de sua experiência pessoal, e me dá motivo para crer que foi um verdadeiro filho de Deus. Alguns dos nossos irmãos tinham certo receio de que nosso irmão não visse todas as coisas claramente, mas essa carta parece indicar que ele se esforçava conscienciosamente para seguir na direção certa.

Minha querida irmã, eu me alegraria ao receber uma carta sua. Espero que esteja onde possa ser feliz.

Alegro-me por saber que Jesus, nosso Salvador, virá em breve, e que então nos poderemos reunir, todos, ao redor do grande trono branco. Pretendo estar lá e, se ambas formos leais e fiéis até o fim, creio que encontraremos seu esposo. Talvez tenhamos que passar por cenas dolorosas, mas estaremos seguras se ocultarmos nossa vida com Cristo em Deus. Muitos darão ouvidos a espíritos sedutores e a doutrinas de demônios, e a única esperança da alma é olhar constantemente para Jesus, o Autor e Consumador de nossa fé.

Devemos agora fazer nossa parte como servas de Jesus Cristo, levando ao mundo o conhecimento da verdade. Uma breve obra deve ser feita no mundo, e devemos vigiar e trabalhar com diligência. Devemos instar, em tempo e fora de tempo. À igreja de Cristo pertencem nossos talentos, tanto os originais quanto os adquiridos. Somos servos do Senhor Jesus Cristo.

Entristecemo-nos ao ver homens e mulheres como senhores absolutos daqueles que deviam ser livres instrumentos do Senhor. Cristo é o supremo soberano da Sua igreja. Que ninguém se intrometa entre nossa alma e Ele. Trabalhemos inteiramente para o Senhor, não permitindo que coisa alguma se interponha entre a alma e seu mais elevado interesse — vencer pelo sangue do Cordeiro e a palavra do nosso testemunho. ...

Tenha bom ânimo no Senhor, minha irmã. Continue olhando para o Autor e Consumador da nossa fé. — Carta 362, 1906.

Pág. 178

Viuvez

Fazia pouco tempo que Ellen White conhecera a irmã Lons. Tendo sabido do falecimento do Sr. Lons, a Sra. White escreveu à sua nova amiga uma amorosa carta de condolências.

Querida irmã Lons:

Sinto-me feliz por tê-la conhecido, e tenho meu coração ligado ao seu, e também ao da viúva, irmã Brown. Todas nós fomos deixadas na viuvez, e temos sido muito abençoadas por Deus, no sentido de que não nos falhou em nosso tempo de provação. Ele nos tem sido socorro bem presente em todo tempo de necessidade. Em nossa experiência individual, temos sido provadas por Deus — resignação sob aflição, paciência quando a prova é mais severa e confiança humilde e sincera em Deus.

Aprendemos, em meio a sombrias providências, que não é sábio seguir nossa própria vontade e caminho, e lançar suspeitas e desconfianças sobre a divina fidelidade. Sinto que somos aquelas que podem entender e identificar-se uma com a outra. Estamos unidas pela graça de Jesus Cristo e pelos laços dos sentimentos cristãos que se tornam sagrados pelas aflições.

Teremos, se não mais nos encontrarmos na Terra, afetuosas e inesquecíveis lembranças de nossa breve amizade com a família em Long Point. Fico feliz por tê-la conhecido. Creio que, na providência de Deus, está ordenado que você seja membro da família Brown. Através de sua ligação com eles, o Senhor a fez instrumento de justiça, uma bênção, especialmente para a irmã Brown. Tenho sentimentos muito afáveis e ternos por você, e especialmente pela irmã Brown, entendendo a tristeza de sua vida.

As aflições são, com freqüência, misericórdia disfarçada. Não sabemos o que teríamos sido sem elas. Quando Deus, em Sua misteriosa providência, subverte todos os nossos acalentados planos, e recebemos tristeza em lugar de alegria, inclinamo-nos em submissão e dizemos: “Que Tua vontade, ó Deus, se faça.” Devemos cultivar sempre uma calma e devota confiança nAquele que nos ama, que deu Sua vida por nós. “O Senhor, durante o dia, me concede a Sua misericórdia, e à noite comigo está o Seu cântico, uma oração ao Deus da minha vida. Digo a Deus: “Minha rocha: por que Te olvidaste de mim? Por que hei de andar eu lamentando sob a opressão dos meus inimigos? ... Por que estás abatida, ó minha alma? Por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei, a ele, meu auxílio e Deus meu”. Salmos 42:8, 9, 11.

O Senhor considera nossas aflições. Com Sua graça e discernimento, mede e pesa cada uma. Como refinador da prata, Ele nos observa a cada momento, até que a purificação esteja completa. A fornalha serve para purificar e refinar, não para destruir e consumir. Ele fará com que os que colocam sua confiança nEle cantem sobre misericórdia, em meio a juízos.

Pág. 179

Ele está sempre vigilante, para distribuir, quando for mais necessário, novas e revigorantes bênçãos, força na hora da fraqueza, socorro na hora do perigo, amigos na hora da solidão, simpatia, humana e divina, nas horas de tristeza. Estamos a caminho do lar. Aquele que nos amou tanto a ponto de morrer em nosso favor construiu para nós uma cidade. A Nova Jerusalém é nosso lugar de repouso. Não haverá tristeza na Cidade de Deus. Nenhum lamento de tristeza. Nunca mais se ouvirá um canto fúnebre de esperanças esmagadas e afeição sepultada. Deus te abençoe, minha querida e muito respeitada irmã. — Carta 37, 1893.

A morte de uma criança

Numa carta para o pastor e a Sra. S. N. Haskell, Ellen White fala da morte de seu bisneto.

Escrevi muitas páginas hoje. Nesta manhã, recebi uma carta de Mabel Workman [sua neta]. Cerca de duas semanas atrás, ela deu à luz um menino de quatro quilos e meio, mas o pequenino morreu dois dias após o nascimento. Mabel tem passado por uma severa experiência, mas estamos agradecidos porque sua vida foi poupada. Tanto o pai quanto a mãe estão sentindo profundamente a prova, mas a aceitam como bons cristãos. O esposo de Mabel tem-se mostrado um verdadeiro cristão nesta hora aflitiva, e o Senhor tem amparado a ambos. Eles crêem que, se não estivesse a Sra. Kress com eles naquela hora, Mabel também teria perdido a vida. Sinto-me grata porque a irmã Kress pôde estar com eles, pois tem grande tato e habilidade. Houvesse a vida da mãe sido levada, todos teriam sentido profunda aflição.

Faz duas semanas que estamos sentindo grande ansiedade a respeito de Mabel, pois até hoje não recebemos notícias desde o telegrama que nos contava da morte do bebê. Sou grata a Deus porque a vida de Mabel foi poupada, e oro para que ela viva para ser uma bênção na causa de Deus. — Carta 120, 1909.

A Sra. A. H. Robinson era uma velha amiga, em Michigan. Ellen White lhe escreveu imediatamente após receber a notícia da morte de seu filho, contando sua própria experiência diante da morte de dois dos seus filhos.

Minha querida irmã Robinson:

Acabo de receber minha correspondência da América. Minha secretária leu para mim as cartas, muitas das quais são de natureza bem interessante. Responderei à sua carta em primeiro lugar.

Ao relatar sua experiência, isto é, o falecimento de seu filho, e de como se prostrou em oração, submetendo sua vontade à vontade do

Pág. 180

Pai celestial, deixando com Ele a solução do caso, isso comoveu o meu coração de mãe. Passei por experiência semelhante a essa pela qual você acaba de passar.

Aos dezesseis anos de idade, meu filho mais velho caiu doente. Seu caso foi considerado grave, e ele nos chamou para junto do leito e disse: “Papai e mamãe, vai ser difícil separarem-se de seu filho mais velho. Se o Senhor houver por bem poupar minha vida, por amor de vocês, ficarei satisfeito. Se for para meu bem e para glória de Seu nome que minha vida se encerre agora, direi: Bem está minha alma. Papai, fique sozinho e ore; e Mamãe, ore também. Então hão de receber uma resposta de acordo com a vontade de meu Salvador, a quem vocês amam e eu amo também.” Receava ele que, se nos prostrássemos juntos em oração, nossas simpatias se fortalecessem, e pedíssemos aquilo que não conviria que o Senhor concedesse.

Fizemos como ele pedira, e nossas orações foram em todos os pontos semelhantes às orações que vocês fizeram. Não recebemos evidência de que nosso filho se restabeleceria. Ele faleceu, pondo sua inteira confiança em Jesus, nosso Salvador. Sua morte foi para nós um grande golpe, mas foi uma vitória mesmo em presença da morte; pois sua vida estava escondida com Cristo em Deus.

Antes da morte de meu filho mais velho, meu bebê adoeceu de morte. Oramos, pensando que o Senhor nos poupasse nosso queridinho; mas cerramos-lhe os olhos, na morte, e pusemo-lo a descansar em Jesus, até que o Doador de vida venha para despertar os Seus preciosos entes queridos, para a gloriosa imortalidade. ...

O Senhor, porém, tem sido meu Conselheiro, e o Senhor lhe dará graça para suportar sua tristeza.

Você indaga a respeito da salvação dos pequenos. A resposta está nas palavras de Cristo: “Deixai vir a Mim os pequeninos e não os impeçais, porque dos tais é o reino de Deus”. Lucas 18:16.

Lembre-se da profecia: “Assim diz o Senhor: Uma voz se ouviu em Ramá, lamentação, choro amargo; Raquel chora seus filhos, sem admitir consolação por eles. ... Assim diz o Senhor: Reprime a tua voz de choro, e as lágrimas de teus olhos; porque há galardão para o teu trabalho, diz o Senhor, pois eles voltarão da terra do inimigo. E há esperança no derradeiro fim para os teus descendentes, diz o Senhor, porque teus filhos voltarão para os seus termos”. Jeremias 31:15-17.

Essa promessa lhe pertence. Ela pode confortar-lhe e levar a confiar no Senhor. O Senhor muitas vezes me instruiu de que muitos pequeninos hão de ser removidos antes do tempo de angústia. Havemos de ver de novo nossos filhos. Havemos de encontrar-nos com eles e reconhecê-los nas cortes celestiais. Coloque sua confiança no Senhor, e não tema. — Mensagens Escolhidas 2:258, 259.

Pág. 181

A morte de uma amiga

Os parágrafos seguintes foram tirados de uma carta escrita para Edson e Emma White, acerca de um acidente que ocorreu perto do Colégio de Avondale, na Austrália.

Na segunda-feira de manhã, achei que minha família não parecia natural. Alguma sombra estranha pairava sobre todos. Pela manhã, Sara e eu fomos à estação para esperar Willie, mas ele não chegou. O Pastor Gates, que havia falado ao povo em Wallsend, no domingo à noite, voltou conosco da estação e Sara o levou à escola, trazendo de volta com ela o pastor Daniells e o irmão Hare. Sara me contou que esses irmãos gostariam de falar comigo. Troquei algumas palavras com o pastor Daniells acerca da obra em Maitland, e então o irmão Hare puxou sua cadeira para perto da minha e disse que tinha algo para me contar. Então me contou que na tarde anterior ocorrera um acidente perto da escola.

A irmã Peck, a Srta. Gates e a filha da irmã Boyd vinham de Sunnyside para a escola com um cavalo que sempre consideraram seguro e obediente, embora desajeitado. Qualquer descuido do condutor e ele enveredava para um lado. A estrada para a escola não era a definitiva, mas foi aberta para ser usada enquanto não se fazia outra melhor. Sob a supervisão do pastor Haskell, os rapazes da escola fizeram uma ponte de troncos sobre o córrego. Ao aproximar-se a charrete dessa ponte, as ocupantes viram que uma árvore havia caído atravessada sobre o caminho, e a irmã Peck, que segurava as rédeas, achou que seria melhor descer e conduzir o cavalo para contorná-la. Mas, em vez de ficar parado, o cavalo começou a ir para trás, e tentou voltar para casa outra vez.

Ninguém previu algum perigo. Mas estavam mais perto da margem do córrego do que supunham, e, em poucos segundos, a charrete e suas ocupantes, com exceção da Srta. Peck, estavam dentro da água, que no local tem uns quatro metros e meio de profundidade. A irmã Peck foi lançada fora sobre a ribanceira, e a charrete, ao descer, passou por cima dela. Mas ela não se machucou muito. Ajudou Ella Boyd a sair da água, mas a Srta. Gates estava fora do alcance delas. Ella Boyd correu até a escola e chamou os homens, que em três minutos tiraram o corpo da Srta. Gates da água. Carregaram-na até a escola e fizeram todo o possível para reanimá-la, mas sem sucesso. Estava morta. Todos crêem que ela não morreu por afogamento, pois não se debateu para salvar-se. Achamos que o choque a matou. Ela foi sepultada na tarde de segunda-feira.

A irmã Gates estava com a saúde frágil. Havia sofrido muito com dificuldade pulmonar. No dia anterior à sua morte, ela falara com a irmã Hughes a respeito do seu caso. Disse que seu problema pulmonar havia

Pág. 182

voltado, e que sabia que uma longa enfermidade estava diante de si. Para ela, o futuro representava uma apreensão terrível, pois seu irmão e esposa estavam lutando com problemas de saúde, e ela não suportava a idéia de ser um fardo para eles. Seus pais, irmãos e irmãs estavam todos mortos, com exceção do irmão. Achamos bom que ela não tivesse que sofrer de uma enfermidade prolongada, e a colocamos para repousar por um pouco de tempo, até ser chamada para uma gloriosa imortalidade. — Carta 203, 1899.

Disponível também pela CPB