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História da Redenção
Livros 38
Autor: Ellen White
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Os links abaixo estão disponiveis com permissão do Ellen G. White Estate em Silver Spring, Maryland, EUA.

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Os apóstolos continuaram sua obra de misericórdia, curando os aflitos e proclamando o crucificado e ressurreto Salvador, com grande poder. Muitos eram continuamente acrescentados à igreja pelo batismo, mas ninguém se aventurava a associar-se a eles sem estar unido de coração e mente com os crentes em Cristo. Multidões afluíam a Jerusalém, trazendo seus enfermos e aqueles que estavam possessos de espíritos imundos. Muitos sofredores eram depositados nas ruas ao passarem Pedro e João a fim de que sua sombra fosse projetada sobre eles e ficassem curados. O poder do ressurreto Salvador havia sem dúvida caído sobre os apóstolos, e estes operavam sinais e maravilhas que diariamente faziam aumentar o número de crentes.

Essas coisas afligiram grandemente os sacerdotes e príncipes, especialmente aqueles que dentre eles eram saduceus. Viam que, se fosse permitido aos apóstolos pregar um Salvador ressuscitado, e operar milagres em Seu nome, sua doutrina de que não havia ressurreição dos mortos seria rejeitada por todos, e sua seita logo viria a ser extinta. Os fariseus viam que a tendência de sua pregação seria solapar as cerimônias judaicas e tornar as ofertas sacrificais de nenhum efeito. Seus anteriores esforços para suprimir estes pregadores tinham sido vãos, porém agora estavam determinados a abafar a agitação.

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Libertados por um Anjo

No acordo deles os apóstolos foram detidos e presos, e o sinédrio foi convocado para julgar seu caso. Grande número de homens eruditos, além do conselho, foi convocado, a fim de juntos debaterem o que devia ser feito com os perturbadores da paz: "Mas de noite um anjo do Senhor abriu as portas da prisão, e tirando-os para fora, disse: Ide e apresentai-vos no templo, e dizei ao povo todas as palavras desta Vida. E, ouvindo eles, isto, entraram de manhã cedo no templo, e ensinavam." Atos 5:19-21.

Quando os apóstolos apareceram entre os crentes e contaram como o anjo os havia guiado diretamente através do grupo de soldados que guardavam a prisão, ordenando-lhes retomar a obra interrompida pelos sacerdotes e príncipes, os irmãos se encheram de espanto e alegria.

Os sacerdotes e príncipes em conselho tinham decidido lançar sobre eles a acusação de insurreição, e atribuir-lhes o assassínio de Ananias e Safira (Atos 5:1-11), e de conspiração para despojarem os sacerdotes de sua autoridade e levá-los à morte. Esperavam agitar a turba de tal maneira que esta decidisse tomar a questão nas mãos e tratar com os apóstolos como havia feito com Jesus. Eles sabiam que muitos que não haviam aceito a doutrina de Cristo estavam cansados do arbitrário governo das autoridades judaicas, e ansiosos por alguma decidida mudança. Se essas pessoas se tornassem interessadas na crença dos apóstolos e a abraçassem, reconhecendo a Jesus como o Messias, eles temiam que a ira de todo o povo se levantasse contra os sacerdotes, fazendo-os responder pelo assassínio de Cristo. Decidiram então tomar medidas drásticas para prevenir isto. Finalmente mandaram que os supostos

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prisioneiros fossem trazidos a sua presença. Grande foi o seu espanto ante a resposta de que as portas da prisão foram encontradas seguramente fechadas e a guarda estacionada diante delas, mas não se encontravam os prisioneiros em parte alguma.

Logo chegou a notícia: "Eis que os homens que cerrastes na prisão, estão no templo e ensinam ao povo." Atos 5:25. Embora os apóstolos tivessem sido miraculosamente libertados da prisão, não escaparam ao interrogatório e castigo. Cristo dissera, quando estava com eles: "Acautelai-vos, porém, dos homens; porque eles vos entregarão aos sinédrios." Mat. 10:17. Enviando um anjo para os livrar, Deus lhes dera um sinal de Seu amor e certeza de Sua presença; tocava-lhes agora sofrer por amor dAquele a quem estavam pregando. O povo estava tão perturbado pelo que tinha visto e ouvido que os sacerdotes e príncipes sabiam ser impossível incitá-los contra os apóstolos.

O Segundo Julgamento

"Então foi o capitão com os servidores, e os trouxe, não com violência (porque temiam ser apedrejados pelo povo). E, trazendo-os os apresentaram ao conselho. E o sumo sacerdote os interrogou, dizendo: Não vos admoestamos nós expressamente que não ensinásseis nesse nome? E eis que enchestes Jerusalém dessa vossa doutrina, e quereis lançar sobre nós o sangue desse homem." Atos 5:26-28. Eles não estavam tão dispostos a levar a culpa pela morte de Jesus, como quando se associaram ao clamor da vil turba: "Seu sangue caia sobre nós e sobre nossos filhos." Mat:27:25.

Pedro, com os demais apóstolos, tomou a mesma linha de defesa que tinha seguido em seu primeiro julgamento:

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"Respondendo Pedro e os apóstolos, disseram: Mais importa obedecer a Deus do que aos homens." Atos 5:29. Foi o anjo enviado por Deus que os libertou da prisão ordenando-lhes a ensinar no templo. Seguindo suas instruções eles estavam obedecendo ao divino comando, o que deveriam seguir fazendo com qualquer risco para si mesmos. Pedro continuou: "O Deus de nossos pais ressuscitou a Jesus, a quem vós matastes, suspendendo-O no madeiro. Deus com a Sua destra O elevou a Príncipe e Salvador, para dar a Israel o arrependimento e remissão dos pecados. E nós somos testemunhas acerca destas palavras, nós e também o Espírito Santo, que Deus deu àqueles que Lhe obedecem." Atos 5:30-32.

O Espírito da inspiração estava sobre os apóstolos, e os acusados se tornaram acusadores, lançando o assassínio de Cristo sobre os sacerdotes e príncipes que formavam o conselho. Os judeus ficaram tão irados que decidiram, sem qualquer outro julgamento e sem a autoridade dos oficiais romanos, tomar a lei em suas próprias mãos e matar os prisioneiros. Já culpados do sangue de Cristo, estavam agora ávidos de manchar as mãos com o sangue de Seus apóstolos. Mas estava ali um homem de saber e alta posição, cujo claro intelecto viu que este violento passo traria terríveis conseqüências. Deus suscitou um homem de seu próprio conselho para deter a violência dos sacerdotes e príncipes.

Gamaliel, o sábio fariseu e doutor, um homem de grande reputação, era uma pessoa de extrema precaução, que antes de falar em favor dos prisioneiros, pediu que eles fossem removidos. Então falou com grande ponderação e calma: "Varões israelitas, acautelai-vos a respeito do que haveis de fazer a estes homens. Porque antes destes dias levantou-se Teudas, dizendo ser alguém: a este se ajuntou o número de

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uns quatrocentos homens; o qual foi morto, e todos os que lhe deram ouvidos foram dispersos e reduzidos a nada. Depois deste levantou-se Judas, o galileu, nos dias do alistamento, e levou muito povo após si; mas também este pereceu, e todos os que lhe deram ouvidos foram dispersos. E agora digo-vos: Dai de mão a estes homens, e deixai-os, porque, se este conselho ou esta obra é de homens, se desfará, mas, se é de Deus, não podereis desfazê-la; para que não aconteça serdes também achados combatendo contra Deus." Atos 5:35-39.

Os sacerdotes não podiam senão ver plausibilidade nesta opinião; foram obrigados a concordar com ele, e com muita relutância soltaram os prisioneiros, depois de castigá-los com varas e insistir com eles vez após vez a não mais pregarem em nome de Jesus, ou suas vidas seriam o preço de sua ousadia. "Retiraram-se pois da presença do conselho, regozijando-se de terem sido julgados dignos de padecer afronta pelo nome de Jesus. E todos os dias, no templo e nas casas, não cessavam de ensinar, e de anunciar a Jesus Cristo." Atos 5:41 e 42.

Os perseguidores dos apóstolos devem ter ficado bem perturbados quando viram sua falta e habilidade para derrotar estas testemunhas de Cristo, que tiveram fé e coragem para transformar sua vergonha em glória e seu padecimento em alegria por amor de seu Mestre, que tinha suportado humilhação e agonia antes deles. Dessa maneira, esses bravos discípulos continuaram a ensinar em público, e em particular nas casas, a convite de seus habitantes, que não ousavam confessar abertamente sua fé, por temor dos judeus.

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