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Testemunhos Seletos 2
Livros 30
Autor: Ellen White
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Os links abaixo estão disponiveis com permissão do Ellen G. White Estate em Silver Spring, Maryland, EUA.

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"O temor do Senhor é o princípio da sabedoria." Os profissionais, seja qual for sua vocação, necessitam de sabedoria divina. O médico, porém, acha-se em especial necessidade dessa sabedoria no lidar com todas as classes de espíritos e de doenças. Sua posição é ainda de mais responsabilidade que a do ministro do evangelho. Ele é chamado a colaborar com Cristo, e precisa de sólidos princípios religiosos e uma firme ligação com o Deus de sabedoria. Caso tome conselho com Deus, o Grande Médico cooperará com seus esforços, e ele andará com a máxima cautela, não seja que, por um movimento inábil, prejudique uma das criaturas de Deus. Será firme ao princípio como uma rocha, todavia bondoso e cortês com todos. Sentirá a responsabilidade de sua posição, e no exercício de sua medicina manifestará que é impelido por motivos puros, desinteressados, e o desejo de ser um adorno para a doutrina de Cristo em todas as coisas. Tal médico possuirá uma dignidade de origem celeste, e será poderoso instrumento para o bem do mundo. Embora talvez não seja apreciado pelos que não têm ligação com Deus, será todavia honrado pelo Céu. Será à vista de Deus mais precioso que o ouro, o próprio ouro de Ofir....

Há muitos modos de praticar a arte de curar; mas um só existe aprovado pelo Céu. Os remédios de Deus são os simples agentes da Natureza, que não sobrecarregarão nem enfraquecerão o organismo mediante suas fortes propriedades. Ar puro e água, asseio, regime adequado, pureza de vida e firme confiança em Deus, são remédios por cuja falta milhares de pessoas estão perecendo, todavia esses remédios estão caindo em desuso, porque seu hábil emprego requer trabalho que o povo*

Testimonies for the Church 5:439-448 (1885).

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não aprecia. Ar puro, exercício, água pura, e morada limpa e aprazível, acham-se ao alcance de todos, com apenas pouca despesa; as drogas, porém, são dispendiosas, tanto no gasto do dinheiro, como no efeito produzido no organismo.

A obra do médico cristão não termina com a cura das doenças do corpo; seus esforços devem estender-se aos males do espírito, à salvação da alma. Talvez não seja seu dever, a menos que seja solicitado, apresentar quaisquer pontos teóricos da verdade; mas pode encaminhar seus doentes para Cristo. As lições do Mestre divino são sempre apropriadas. Devem chamar a atenção do descontente para os sempre novos sinais de amor e cuidado da parte de Deus, para Sua sabedoria e bondade, tais como se manifestam nas obras que criou. A mente pode então ser levada, através da Natureza, ao alto, ao Deus da Natureza, e concentrada no Céu por Ele preparado para os que O amam.

O médico deve saber orar. Em muitos casos, ele precisa aumentar o sofrimento, a fim de salvar a vida; e seja o paciente cristão ou não, sente-se mais seguro se sabe que seu médico teme a Deus. A oração dará ao doente uma permanente confiança; e muitas vezes, se seu caso é levado ao Grande Médico com humilde confiança, isto fará mais em seu benefício do que todas as drogas que sejam ministradas.

Reconhecer a relação entre o pecado e a doença

Satanás é o causador da doença; e o médico está batalhando contra sua obra e poder. A enfermidade da mente reina por toda parte. Nove décimos das enfermidades sofridas pelo homem têm aí seu fundamento. Talvez algum vivo distúrbio doméstico está, como gangrena, roendo até à própria alma, e enfraquecendo as forças vitais. O remorso pelo pecado mina por vezes a constituição, e desequilibra a mente. Há, também, doutrinas errôneas, como a de um inferno eternamente a arder e o tormento perpétuo dos ímpios, as quais, por darem uma visão exagerada e torcida do caráter de Deus, têm produzido os mesmos resultados sobre espíritos sensíveis. Os infiéis têm

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aproveitado ao máximo esses casos infelizes, atribuindo a loucura à religião; isto, porém, é grosseira difamação, a qual deverão enfrentar afinal. A religião de Cristo, bem longe de causar loucura, é um de seus mais eficazes remédios; é poderoso calmante nervoso.

O médico necessita de sabedoria e poder mais que humanos, a fim de saber a maneira por que deve ministrar aos muitos casos desconcertantes de doença da mente e do coração com que é chamado a lidar. Se ele ignora o poder da graça divina, não pode ajudar ao doente, antes agravará o mal; mas se está firmemente apoiado em Deus, será capaz de ajudar a mente enferma, perturbada. Será capaz de encaminhar seus pacientes a Cristo, e ensiná-los a levarem todos os seus cuidados e perplexidades ao grande Portador de fardos.

Há uma ligação divinamente indicada entre o pecado e a doença. Médico algum pode clinicar por um mês sem isto lhe ser exemplificado. Talvez ele ignore o fato; sua mente poderá estar tão ocupada com outros assuntos, que a atenção não lhe seja chamada para isto; mas, se for observador e sincero, não poderá deixar de reconhecer que o pecado e a doença mantêm entre si a relação de causa e efeito. O médico deve ser pronto a ver isto, e a agir em harmonia. Havendo ele granjeado a confiança dos doentes aliviando-lhes os sofrimentos e trazendo-os da beira do túmulo, pode ensinar-lhes que a doença é o resultado do pecado; e que é o inimigo caído que os procura seduzir às práticas destruidoras da saúde e da alma. Pode impressionar-lhes o espírito com a necessidade de negarem-se a si mesmos, e obedecerem às leis da vida e da saúde. Na mente dos jovens, especialmente, pode ele incutir os retos princípios.

Deus ama Suas criaturas com um amor que é a um tempo terno e forte. Estabeleceu as leis da Natureza; estas, porém, não são exigências arbitrárias. Todo "Não", seja no que concerne à lei física como no que respeita à lei moral, implica uma promessa. Caso ela seja obedecida, nossos passos serão seguidos de bênçãos; se desobedecida, o resultado será perigo e

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infelicidade. As leis de Deus visam levar Seu povo mais perto dEle. Ele os salvará do mal e os levará ao bem, se quiserem ser conduzidos; forçá-los, porém, Ele jamais fará. Não nos é possível discernir os planos de Deus; cumpre-nos, porém, confiar nEle, e mostrar nossa fé por nossas obras....

A tensão da prática da medicina

O médico é quase diariamente posto em face da morte. Caminha, por assim dizer, à beira da sepultura. Em muitos casos, a familiarização com cenas de sofrimento e morte produz despreocupação e indiferença para com a miséria humana, e negligência no tratamento do enfermo. Tais médicos não são capazes de simpatizar ternamente. São ásperos e bruscos, e os doentes sentem pavor ao vê-los aproximarem-se. Esses homens, por maiores que sejam seus conhecimentos e competência, pouco bem podem fazer aos doentes; mas se o amor e a compaixão manifestados por Jesus aos enfermos se misturarem aos conhecimentos do médico, sua própria presença será uma bênção. Ele não considerará o doente um simples exemplar do mecanismo humano, mas uma alma a ser salva ou perdida.

Os deveres do médico são árduos. Poucos avaliam a tensão mental e física a que ele está sujeito. Cumpre empregar toda energia e capacidade com o mais intenso anseio, na batalha contra a moléstia e a morte. Muitas vezes ele sabe que um movimento menos hábil da mão, até por um fio de cabelo apenas, em direção errada, pode mandar para a eternidade uma alma não preparada. Quanto precisa o médico fiel da simpatia e das orações do povo de Deus! Seus direitos nesse sentido não são inferiores aos do mais consagrado ministro ou missionário. Privado, como se vê muitas vezes, do necessário repouso e do sono, e mesmo dos privilégios religiosos no sábado, necessita dobrada porção de graça, uma nova provisão a cada dia, do contrário perderá sua segurança em Deus, e estará em risco de imergir mais fundo nas trevas espirituais, do que homens de outras profissões. E todavia é muitas vezes objeto de

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imerecidas censuras, e deixado sozinho, sujeito às mais cruéis tentações de Satanás, sentindo-se mal compreendido, traído pelos de sua amizade.

Adquirir educação médica

Muitos, conhecendo quão probantes são os deveres do médico, e quão poucas oportunidades têm eles de libertar-se do cuidado, mesmo no sábado, não escolherão a medicina como profissão. Mas o grande inimigo está continuamente procurando destruir a obra das mãos de Deus, e homens de cultura e inteligência são chamados a combater-lhe o cruel poder. Necessitam-se mais homens da devida espécie, que se consagrem a esta profissão. Façam-se diligentes esforços para induzir homens de aptidão a se habilitarem para esta obra. Devem ser homens cujo caráter esteja baseado nos largos princípios da Palavra de Deus — homens dotados de natural energia, força e perseverança que os habilitem a atingir elevada norma de excelência. Não é qualquer um que pode dar um médico de êxito. Muitos têm assumido os deveres dessa profissão, de todo sem preparo. Não possuem o conhecimento exigido, nem a habilidade e o tato, o cuidado e a inteligência necessários à garantia do êxito.

O médico pode prestar muito melhor serviço, se é dotado de resistência física. Se é fraco, não pode resistir ao fatigante labor inerente a sua profissão. Um homem de constituição débil, um dispéptico, ou um que não tenha perfeito domínio de si mesmo, não se pode habilitar ao trato com todas as classes de doença. Tome-se grande cuidado em não animar pessoas que poderiam ser úteis em alguma posição de menos responsabilidade, a estudar medicina, com grande dispêndio de tempo e de meios, quando não há razoável esperança de que venham a ser bem-sucedidas.

Alguns se têm destacado como homens que poderiam ser médicos de utilidade, e foram estimulados a fazer o curso de medicina. Mas alguns dos que começaram seus estudos nas

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escolas médicas como cristãos, não conservaram no devido lugar a lei divina; sacrificaram princípios, e perderam sua firmeza em Deus. Acharam que, sem ajuda, não poderiam guardar o quarto mandamento, e enfrentar as caçoadas e o ridículo dos ambiciosos, dos amantes do mundo, dos superficiais, dos cépticos e infiéis. Tal sorte de perseguição, não estavam eles preparados para enfrentar. Eram ambiciosos de subir mais alto no mundo, e tropeçaram na escura montanha da descrença, e tornaram-se indignos de confiança. Abriram-se diante deles tentações de toda espécie, e não tinham forças para resistir. Alguns desses tornaram-se desonestos, homens de planos astuciosos, e culpados de graves pecados.

Há neste século perigo para todo aquele que entra no estudo da medicina. Freqüentemente seus instrutores são sábios segundo o mundo, e seus colegas infiéis que não se lembram de Deus, e ele está em perigo de ser influenciado por essas associações irreligiosas. Não obstante, alguns têm atravessado o curso médico, e permanecido leais aos princípios. Não estudavam no sábado; e demonstraram que os homens se podem habilitar para os deveres de um médico sem decepcionar as expectativas dos que lhes forneceram meios para fazer seu curso. Como Daniel, honraram a Deus, e Ele os guardou. Daniel propôs em seu coração que não adotaria os costumes das cortes reais; não comeria da comida do rei, nem beberia de seu vinho. Esperaria em Deus quanto à resistência e graça, e Deus lhe deu sabedoria, e habilidade, e conhecimento acima dos astrólogos, adivinhos e magos do reino. Nele se verificou a promessa: "Aos que Me honram, honrarei."

O jovem médico tem acesso ao Deus de Daniel. Mediante a graça e o poder divinos, pode-se tornar tão eficiente em sua carreira, como era Daniel em sua exaltada posição. É um erro, porém, fazer do preparo científico a coisa todo-importante de sua vida, ao passo que os princípios religiosos que jazem à própria base de uma clínica bem-sucedida, são negligenciados. Muitos são elogiados como hábeis em sua profissão, mas

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